NSU Protótipo
NSU prototype
NSU Protótipo (Amadeu Inácio)
Foto: Clássicos na Pista
Em 29/01/10 publiquei esta foto juntamente
com várias outras gentilmente cedidas por Francisco Lemos Ferreira, o que mais
uma vez agradeço.
Depois disto, troquei alguns e-mails com o
sr. Amadeu Inácio, que gentilmente corrigiu algumas informações que eu tinha
até o momento. E este é o objetivo do blog - que se enriqueça com mais fotos e
que as histórias sejam contadas e corrigidas.
Nas palavras de Amadeu:
- Fiquei surpreendido por encontrar no vosso
site uma foto minha que nem sabia que existia. Não tenho uma única foto deste
carro em 1972 (vermelho).
E como foi criado o NSU Protótipo ?
- Houve um acidente com o NSU TTS (de Amadeu
Inácio). Com as peças mecânicas deste carro (motor, caixa de velocidades e
diferencial) e a carroceria de outro, foi construído o Spider.
O acontecimento foi assim, explica Amadeu:
3 horas da Huila 1970, em que morreu o mestre
Corte Real Pereira (tanto como piloto, como mecânico). Inscrevi o meu NSU TTS
tendo como equipier (companheiro) o Gil Morgado.
Esse NSU TTS foi preparado na Bélgica pela
empresa Hollebecq (NSU Belgian Team) apenas na parte tocante ao motor. O carro
estava equipado com uma caixa de velocidades Semi close, a única que a NSU
fornecia.
Capot da bagageira, Capot do motor e portas
em fibra de vidro eu mandei fabricar em Luanda, rodas 12 “ com pneus Dunlop
Racing 450 L 12, etc. etc.
O Gil Morgado, já era meu amigo de há muitos
anos, meu mecânico desde que tive o 1º NSU (Prinz 4) até virmos embora de
Angola, eu em 1978 e ele em 1980 salvo erro.
Em 1967 comecei a fazer Ralis e a partir do
segundo rali ele Gil Morgado passou a ser o meu pendura, o que aconteceu até
1969, ano que deixei os Ralis.
Ainda em 1968 fiz como 2º piloto de um NSU a
minha primeira participação nas 6 horas do Huambo. A partir de 1969 todas as
participações nessa mítica prova fiz sempre com o Gil Morgado, bem como os 500
kms de Benguela e as 3 Horas de Sá da Bandeira, em que uma vezes eu era
concorrente e 1º piloto, se assim se pode chamar (nenhum de nós tinha esses
estatuto), outras vezes invertia-se e era o Gil o Concorrente o primeiro piloto
e eu o 2º.
Como piloto eu confiava tanto nele como ele
em mim. Em todas as provas fazíamos exactamente os mesmos tempos, ou seja,
rodávamos normalmente no mesmo segundo.
Voltando aos acontecimentos da prova: 3 horas
de Sá da Bandeira 1970.
A hora e meia de prova entreguei o carro ao
Morgado em 3º da Geral. À nossa frente estavam apenas o Nicha e o Zé Lampreia
ambos em BMW Schnitzer. Atrás andava o GT 40, todos os outros Schnitzer,
etc.etc.
· A cinco minutos do final da prova (3 voltas
+ -) o Morgado na recta da meta a subir vai a ultrapassar o Cardão em Vauxall e
o Lampreia a ultrapassar os dois (Morgado e Cardão). Ao passar pelo TTS dá-lhe
um toque com a roda da frente direita na roda traseira esquerda . O NSU sai de
traseira para a direita e dá uma traseirada no Vauxall do Cardão e capota já de
marcha atrás. O Cardão sai em piões para a direita e o Lampreia em piões para a
esquerda. O NSU vai em frente de rodas para o ar e de traseira pela pista fora.
· As boxes eram no passeio da Avenida (a
subir), e eu estava sentado no passeio a beber uma Coca Cola, e vi passar o
carro e exclamei: Olha o meu carro vai de pernas para o ar!. Passou a Meta de
rodas para o ar.
· Fui eu e bastante gente acudir. O Morgado
apenas queimou um bocadinho o braço a roçar no asfalto. Endireitámos o carro
que trabalhava perfeitamente mas estava em ponto morto e não engatava nenhuma
mudança, pois o cachimbo do tirante tinha-se desenfiado da esfera que está á
saída da caixa.
· Resultado, desistência a 3 voltas do fim.
Como a prova era por tempo (3 horas) não fomos classificados. Se a prova fosse
à distância mesmo com o acidente, ainda ficaríamos muito bem classificados.
· Minutos depois de terminar a prova,
conseguimos enfiar o dito cujo cachimbo, e lá fomos para o Hotel sem nenhum
vidro. No dia seguinte fizemos a viagem para Luanda. No banco de trás só se
podia viajar deitado pois o tejadilho encostou ao banco. Como estávamos no
cacimbo, tivemos de arranjar daqueles cobertores baratos a que chamava-mos
“kambrikitos”, fizemos um buraco no meio, passámos por aí a cabeça e lá viemos
para Luanda tal qual Mexicanos.
· Final da história: O TTS bastante
danificado, mas o pior foi a tristeza de não acabarmos a prova, que no meu caso
era a corrida da minha vida.
O Gil Morgado havia já bastante tempo que não
trabalhava como Chefe e mecânico principal do Importador NSU – Soc. Comercial
Lusolanda, mas sim por conta própria numa oficina instalada dentro do complexo
garagem e oficinas do ATCA.
O Irmão dele, Ramiro Mendes Duarte, não sendo
bate-chapas tinha uma oficina dessa especialidade a cerca de 300 metros de
minha casa.
Um certo dia, estava eu, o Gil e o Ramiro na
oficina de bate chapas do Ramiro e vi um NSU Prinz 1000 em péssimo estado que
estava a um canto da oficina. Falámos do carro e o Ramiro disse que o carro era
dele e provavelmente o seu fim seria a sucata. Logo aí, eu disse: E porque não
fazemos deste carro um carro de competição aproveitando todas as peças de
competição do meu TTS. Dito e feito, logo ali disse corta-se aqui, rebaixa-se
ali, etc etc. Assim se começou este carro. Além de todas as peças do meu TTS,
ainda mandei fabricar 2 baquets também em fibra com fixação em tubo de ferro,
mandei fabricar o pequeno para brisas em acrílico, uma peça em fibra logo atrás
das baquets que seguia até ao local onde o vidro traseiro encaixava (só na
parte inferior), com uma tampa que dava acesso à bateria, o retrovisor elevado
tipo barqueta, os cintos de segurança de 6 apoios que em 1972 passaram a ser
obrigatórios, um depósito de 90 litros em borracha (de avião) que comprei num
sucateiro e muitas outras coisas. O Ramiro deu a mão de obra de algum dos seus
operários e o Gil a colocação das peças mecânicas.
Em 73 fiz com esse carro a última corrida e o
carro ficou na oficina do Gil, com todas as peças que eu tinha dado para o
caro, tendo sido retirado para mim apenas a parte mecânica que voltei a por no
meu TTS depois de reparado.
Parece-me que esse carro ainda em 73 e em
1974 ainda fez algumas provas com o Gil, com um motor dele alterado para 1.300
cc. , com pistões de maior diâmetro que fui eu que mandei fabricar em Portugal
na Ferreirinha a seu pedido e de sua conta.
Esse pistões deram bastantes problemas, pois
eram fundidos e não forjados e as caixas dos segmentos cediam ao fim de poucos
kilómetros.
Entretanto já depois da Independência em
1978, vi essa carcaça no quintal da casa onde o Gil viveu no Bairro do Cruzeiro
antes de se mudar para as Ingombotas.
Foto: Tuku
Tuku
Nesta foto (6 horas Nova Lisboa
1972) estou eu com o Helder de Sousa e está o Ramiro do lado esquerdo do carro.
Estou frequentemente com o Helder, almoçamos juntos bastantes vezes no meu
Kartódromo. Ainda nas palavras de
Amadeu: Esta foto (acima) é do mesmo
carro em 72 nas 6 Horas de Nova Lisboa. Nessa prova, nos treinos de sábado à
tarde, o meu colega de equipa Gil Morgado bateu, tendo destruído a frente
direita (que se vê remendada com autocolantes). O pessoal passou a noite
recuperando o carro. O carro tinha uma bomba de gasolina eléctrica mesmo no
sitio da batida. Como a bomba ficou destruída, ligaram a bomba mecânica e
retiraram a eléctrica partida, tendo deixado os fios eléctricos pendurados
Circuito de Novo Redondo - 1973 - (Gil Morgado) - 10th colocado
Foto: Coutinho (publicada na revista Equipa)
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6 h de Nova Lisboa - 3, 4 e 5 de Agosto de 1973
6 h de Nova Lisboa - 3, 4 e 5 de Agosto de 1973
Huambo - 1973 - (Gil Morgado)
Fotos do arquivo de João Morgado
* Post atualizado em 17/04/12
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