Emerson Fittipaldi no Autódromo de Luanda - 1972

Há 40 anos, Emerson Fittipaldi visitou o Autódromo de Luanda, que estava em fase final de construção.
Seria inaugurado em 28/05/1972.

Clube Naval de Luanda com : Luís Franco-Bastos (Panáfrica), um casal de brasileiros, Emerson Fittipaldi e Maria Melena, Marianela, Renato Fraga, António Peixinho, Helena Cabreira e Henrique Cardão. Tratou-se da visita de Emerson Fittipaldi ao Autódromo de Luanda, ainda em construção.

Comentários: José Guedes

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A entrevista que segue é da revista " O Volante", por Amaral Marques - 15/03/72

 "Sinto-me em casa, tudo isto me faz recordar o Brasil!". Foram estas as primeiras palavras que ouvimos de Emerson Fittipaldi. Encontrá-mo-lo no banco de trás de uma potente máquina conduzida por Antonio Peixinho. Havia cerca de dez minutos que tínhamos deixado Luanda. Pouco mais de 15 km faltavam pra que atingíssemos o nosso alvo: o maior empreendimento automobilístico existente em Angola, o autódromo de Luanda.
Chegados, enorme multidão aguardava a presença de um dos maiores pilotos do mundo. Ele iria dar algumas voltas nas pistas, ainda em acabamento. Se a velocidade não foi de forma a entusiasmar o público, certo é que, a condução por ele evidenciada foi de alguém que se preocupou com um reconhecimento profundo dos 5 km que compõem o principal dos traçados.
Acabada a missão que ali o tivera, Emerson Fittipaldi, logo foi rodeado por muitos elementos da informação, que ávidos de contactarem com 2° classificado de Kyalami, não se pouparam a perguntas e melhores planos para as suas fotografias. Finda a inicial euforia, coube-nos a nós durante alguns minutos a atenção do volante brasileiro. A primeira pergunta que lhe havíamos destinado era, como não podia deixar de ser, as suas impressões sobre o traçado que acabara de ensaiar.

e.f. - Eu fiquei muito impressionado com a construção da pista, pois nunca imaginei ser um autódromo deste gabarito. Acho que não deverá haver nenhum inconveniente em que aqui se disputem corridas para a Fórmula 1. Penso, apenas, que é absolutamente necessário acabarem tudo o que diz respeito a segurança e que é imposto pela FIA, para que não fique esquecido. Visto isto, creio poder vir a ser um dos melhores autódromos do mundo.


a.m. - Considera este circuito mais adequado a provas de Fórmula 1 ou protótipos?
e.f. - Bem, creio que ambas as corridas, graças às suas variantes, podem aqui ser disputadas. Oara a F1, o circuito total de 5 km seria o ideal. Trata-se de um circuito com curvas de baixa e altas velocidades, com subidas e descidas. É de facto muito interessante. 
Sobre Luanda e o seu autódromo, pouco mais precisávamos de ouvir. O mundial de condutores seria tema para o resto de uma conversa. Quisemos em primeiro lugar saber como antevia a sua presença neste campeonato.
e.f. - Estamos no começo. Ainda há pouco se disputou a 2ª prova, o que torna para lá gratuito qualquer prognóstico. Creio, contudo, que Jackie Stewart é quem se apresenta com mais "chances" de vitória. Fora Stewart, está Ronnie Peterson. Se nenhum destes por qualquer razão o não conseguir há uns 6 ou 7 pilotos com as mesmas possibilidades. (Obs.: Emerson acabaria o ano como campeão).
a.m. - Estando, este ano, as máquinas concorrentes ao mundial de condutores tecnicamente equiparadas, tudo nos leva a crer que os pilotos terão uma maior influência nos resultados obtidos...
e.f. - Sou da opinião que o mundial vai ser muito mais renhido, do que foi o ano passado. Quando a Tyrrel apresentou o seu carro, acertou inteiramente, e andou mais de metade da temporada, bem mais depressa do que qualquer outro conjunto. Concluída metade da época, outras marcas afinariam os seus bólides e houve então uma maior igualdade. Só que realmente o Stewart é mesmo o melhor! Ele viria a ganhar da mesma forma.
a.m. - Quanto às alterações registradas esta época no seu lotus...
e.f. - Aparentemente o carro é o mesmo desde 1970. O ano passado nós trocamos três vezes de suspensão, a última das quais foi utilizada no grande premio dos Estados Unidos, e esta época nos 2 GPs já disputados. O carro está a andar francamente bem, e quanto a suspensão creio que é actualmente uma das melhores máquinas.
a.m. - Há maior interesse por parte das diversas firmas no patrocínio de teams da Fórmula 1?
e.f. - Eu acho que em todo o mundo o automobilismo evoluiu bastante. Há um maior interesse por parte do público, e pelas grandes firmas comerciais. Isto é muito importante para este desporto, pois sem a colaboração de firmas comerciais, as patrocinadoras, é impossível sustentar as avultadas Adespesas de um team da Fórmula 1. Os motores e a sua preparação, a própria equipa, dispendem muito dinheiro. Aliás, está provado serem positivos os resultados de propaganda nas corridas de automóveis. Certamente que este apoio irá influir na evolução do automobilismo mundial.

Para terminarmos (pois, Fittipaldi ansiava por um justo banho nas praias de Luanda...) quisemos saber qual o circuito dos integrados no mundial de condutores, que mais apreciava.
e.f. - O mais completo e melhor existente do mundo é o autódromo francês de Paul Ricard. Mas por aquilo que aqui vi, mais um ano... e será o autódromo de Luanda!

Fonte e mais detalhes sobre a construção do autódromo: www.lolocornelsen.com.br

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